Trabalho apresentado à disciplina de Didática do Ensino Superior, no curso de pós-graduação em Práticas Docentes para o Ensino da Língua Espanhola, na Faculdade Frassinetti do Recife - FAFIRE, como requisito de avaliação, sob orientação da professora Maria Cavalcante.

O objetivo deste trabalho é fazer uma breve reflexão a partir das falas dos alunos de graduação em diferentes instituições de ensino superior (IES), a fim de constatar as suas experiências e expectativas quanto ao processo de avaliação, a forma como é feita e o que segundo eles seria a maneira ideal de se avaliar os conhecimentos adquiridos.

Durante pesquisa realizada com três alunos de diferentes cursos de graduação foram feitas três perguntas básicas que nortearam este trabalho sobre a avaliação no ensino superior. Depois de uma rápida introdução ao tema, foi questionado o que para eles era avaliar, como eles eram avaliados e como gostariam de ser avaliados.

Ao apreciar o tema, o entrevistado R.N., estudante de jornalismo na UNINASSAU – Recife, respondeu que para ele avaliar “é testar o conhecimento de forma objetiva e direta. Avaliar faz parte da compreensão do assunto, uma vez que complementa o estudo acadêmico pondo em prova aquilo que foi abordado. Porém, uma avaliação não pode ser de forma alguma o método de "medir" qualquer conhecimento, uma vez que todo saber passa por questões subjetivas, onde pode ser colocado – posto em prática – de diversas formas diferentes e ser absorvido em inúmeras vertentes, de acordo com cada indivíduo”. Segundo R.N., ele é avaliado a partir de “abordagens objetivas acerca dos assuntos tratados em sala de aula e práticas daquilo que foi discutido”. E gostaria de ser avaliado “[...] de forma prática. Todo assunto deve ser posto em prática, explorando o máximo de possibilidades cabíveis. A teoria é importante, mas torna-se inútil sem a prática”.

A estudante de Letras, B.S., da UNIMONTES – Montes Claros, contou que segundo a experiência que tem tido no ensino superior é que “a avaliação é mal utilizada pelo professor porque ele atribui uma nota e pronto. Ele não usa o processo para identificar alguma dificuldade, que poderia ser de grande parte da turma. O processo é unicamente para dar uma nota”. Segundo B.S., ela sempre foi avaliada através de “[...] prova, e na faculdade faziam seminários pra ver se você era bom mesmo, mas os professores muitas vezes nem faziam correções”. E sobre como gostaria de ser avaliada, a resposta foi no mínimo interessante, conta: “essa é uma boa pergunta, porque eu passei por isso a vida inteira e não me vejo sendo avaliada de outra maneira. Talvez, o ideal fosse ser avaliado de uma forma menos generalista, com um acompanhamento mais intenso dos professores. Mas isso tem que partir do aluno, porque se você não busca isso, o professor dificilmente vai atrás de você para perguntar”.

A estudante de enfermagem D.C., da Diaconia University of Applied Sciences – Helsinki, respondeu que para ela “avaliar é o ato de saber o nível de aprendizado dos alunos. É um método que as instituições de ensino usam pra obter constatações sobre o desenvolvimento do aluno e também dos professores. Avaliar tem a ver com “dar valor”. Eu acrescentaria nessa minha definição que a avaliar é constatar e qualificar os avanços dos alunos em termos de aprendizado”. Segundo D.C., os professores “sempre usaram os métodos “convencionais” comigo [...] provas, trabalhos individuais e em grupo, relatórios, seminários, apresentações e debates”. E termina falando sobre como gostaria de ser avaliada: “Para mim, o melhor método de avaliação é aquele que eu não me sinta avaliada e que comtemple os vários conhecimentos que eu domino”.

Quando falamos em avaliação nos deparamos com um abismo entre o discurso e a prática, como afirma Luckesi (2005, p. 1): "A escola hoje ainda não avalia a aprendizagem do educando, mas sim o examina, ou seja, denominamos nossa prática de avaliação, mas, de fato, o que praticamos são exames. Historicamente, mudamos o nome, porém não modificamos a prática. Portanto, vivenciamos alguma coisa equívoca: leva o nome, mas não realiza a prática".

O autor ainda explica que existe sim a confusão entre os termos “exame” e “avaliação”, e define o primeiro como processo pelo qual interessa apenas o resultado final. No exame não importa o processo pelo qual o aluno chegou a tal resposta, mas somente a resposta. Ele também destaca que os exames são pontuais, não interessando o que aconteceu ao educando antes ou o que vá acontecer depois da prova. O que vale é o aqui e o agora. Além disso, os exames são classificatórios e costumam definir o aluno como aprovado ou reprovado, por isso mesmo, são os exames seletivos ou excludentes.

Como diferencia Luckesi (2005, p. 2), as características da avaliação são opostas às dos exames. Ela trabalha com desempenhos provisórios, visto que ela alimenta o processo de busca dos melhores resultados possível. Cada resultado obtido serve como base para um passo mais à frente. Por isso, a avaliação é não-pontual, diagnóstica, dinâmica e inclusiva. Ou seja, a ela interessa o que acontece antes, durante e depois com o educando, à medida que esta avaliação está a serviço de um projeto pedagógico construtivo.

Diante de toda esta confusão tão presente em nosso cotidiano, é normal para nós atribuirmos a qualidade de bom professor àquele profissional de perfil tradicionalista, que examina pontualmente os alunos e os classifica como bons ou maus estudantes de acordo com o seu desempenho, sem se preocupar de fato com o aprendizado. Contudo, o que deve se esperar de um bom professor são atitudes alinhadas com a prática mediadora, focada no desenvolvimento da capacidade dos educandos de apreender diferentes conteúdos, relacionar conhecimentos distintos e aplicá-los de diversas formas.

Porque então a avaliação no ensino superior não consegue se alinhar com uma prática que atenda melhor as necessidades do educando? Considerando que o processo de avaliação pressupõe as escolhas pedagógicas do professor e também as diretrizes curriculares dos cursos universitários, além da própria cultura institucional que os influencia; podemos começar a imaginar a amplitude do cenário que precisa ser modificado a fim de que as partes entrem em sintonia para que tudo caminhe numa única direção.


REFERÊNCIAS:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem. 2005. Disponível em: http://www.luckesi.com.br/artigosavaliacao.htm. Acesso em: 28/03/2013.
GARCIA, Joe. Avaliação e aprendizagem na educação superior. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/. Acesso em: 02/04/2013.